quinta-feira, janeiro 24, 2008




Ela olhou cansadamente para casa destruída.
Pedaços do que um dia tinha sido o palco do seu passado, agora destruído pelo fogo que consumiu tudo. Aquilo tinha sido bom ou ruim?
O máximo que saberia dizer é que tinha sido inesperado. Apesar de todos os maus momentos vividos ali, não esperava que fogo acabasse com tudo.
Sentou-se sobre os restos dos seus pertences: coisas pequenas guardadas numa caixa de papelão. Era naquilo que a vida se resumia? Um amontoado de acidentes e acasos, coisas que te empurram em determinada direção, ou em outra direção contrária aquilo que você gostaria de ir?
Os seres humanos pareciam pequenos brinquedos sendo manipulados pelo grandes deuses do universo e aquilo definitivamente não era justo.
Mas é claro, justiça é uma coisa muito relativa.
No mais, para onde deveria ir agora? Aceitar a oferta do quase estranho que a abordara, dizendo que ela precisava ir com ele?
Era muita irônia que ele tivesse aparecido, depois de anos, exatamente em um momento como aquele: em que estava sem casa, sem dinheiro, sem quase nada. Sem uma saída e ele parecia a única solução.
Sempre odiara não ter muitas opções e opções sempre foi o que mais faltou em sua vida.
Seu orgulho a empurrava para não aceitação da oferta, mas o resto do mundo a empurrava para aceitar.
Durante toda a vida procurara um caminho e agora um se doscortinava a sua frente.
"Talvez seja muita burrice não aceitar" ela pensou, consigo. "Talvez, dessa vez, o destino seja meu amigo"
E provavelmente aquele quase estranho fosse realmente seu pai.
Concordou mentalmente que iria. Respirou fundo, ante a decisão.
Mas decidiu também fingir que estava indo contra sua vontade. Afinal, ele nunca facilitara nada para ela, por que ela iria, agora, facilitar essa aproximação?
A vida não é justa, rapaz. Nunca é.
Deu uma última olhada para casa e partiu. Talvez, para sempre.

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Fragmento de algo que pretendo/estou escrevendo aos poucos. Sem saber onde vai dar, mas só escrevendo. Quem sabe, um dia isso ganhe forma e vire um livro. Quem sabe.... ; )

Um comentário:

Cacau disse...

Oi.. estava dando uma 'zapeada' pela net e achei seu blog.

Você escreve muito bem.. parabéns.
Espero que continue e, quem sabe, esse trecho não vire um livro mesmo.

bjo e parabéns pelo texto