E é um fato: me apaixonei por todas essas ruas e prédios iguais.Não sei explicar bem de onde vem o afeto, mas é real e palpável.
Por um longo tempo formulei a idéia de que poderiam ser as árvores. Sinceramente, os caminhos cheios de árvores desse canto de Brasília me inspiram uma paz fora do comum. E descobri no metrô uma forma de terapia... parece incomum dizer que gosto, mas eu gosto.
Num dia desses sentei na cadeirinha (agora me pergunto se ela é vermelha ou azul... minha memória me prega peças e não consigo lembrar ao certo) e depois de um tempo me peguei num estado de "nirvana" observando as coisas passarem rapidamente do lado de fora enquanto eu era arrastada para um lugar que eu nem ao menos tinha certeza de onde era.
Há quem dirá que é a impessoalidade da cidade que me anima. Aqui eu posso ser o que quiser sem contar com a cobrança da minha cidade pequena onde eu estava sempre cercada de pessoas que me conheciam e sabiam onde ir "dedurar" se me encontrassem fazendo algo "errado".
E nem mesmo a solidão absurda que eu sinto aqui me faz desistir da idéia de ficar.
Por que, afinal, solidão por solidão pelo menos aqui eu tenho refúgios, pessoas a quem observar, mesmo que não esteja exatamente com elas.
E tenho esperança.
A vil, má e malfadada esperança, o último dos grandes males do mundo, trancado na caixa por Pandora e, assim, mantido pra sempre como fagulha que persevera ante o frio e chuva, dentro do coração humano.
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