Mirror Mask

- Sabe, eu não tenho uma doença mortal que vá me fazer morrer se você me disser verdades. - riu nervosa. Sempre que ficava naquele estado começava a dizer bobagens - Então, você pode falar. Não sou mais criança, apesar de parecer muito nos meus atos... - outra bobeira despejada sem jeito - Quero dizer, não vou gritar ou sair correndo e chorando. Tá, talvez eu chore depois... brincadeira! - suspirou e bateu a mão na testa - Okay, não estou chegando onde eu gostaria. - Se levantou, deu alguns passos sem direção - Eu só queria que você soubesse que eu não me sinto sua dona. Não vou te prender em uma jaula. Eu só... - mordeu o lábio inferior e sentiu-se tão desamparada quanto possível - Eu só... gosto de você, oras. É pecado? Por que sabe, sempre me disseram que eu tenho uma grande inclinação para pecados! - a risada saiu meio forçada. Suas mãos tremiam de leve - Bem... é só que não precisa fugir de mim como se eu fosse o diabo de saias, e nem me tratar com essa educação morna. Só diga que foi só um passa-tempo e nada mais. - seu timbre de voz agora estava visivelmente triste, coisa que ela não queria. Se forçou a falar alguma piadinha besta - Sabe, aí estaremos quites, eu também só usei você! - riu, amarelo. Era uma mentira deslavada. - Então... podemos só, ficar assim não? Bons amigos que passaram algum tempo juntos... - estendeu a mão e só então teve coragem de encarar seus próprios olhos no espelho.


Só então percebeu que aquele treino bobo não levaria a lugar nenhum.
Palavras meio ditas ficariam reverberando no seu quarto enquanto ela imaginava a reação dele.
Suspirou.
Aquele tipo de coisa, definitivamente, era impossível pra ela.
Desligou a luz, se jogou na cama e ficou escutando a sua incrível covardia.