terça-feira, junho 03, 2008

Amargura



Velho palhaço sentado na sarjeta
Sorri? Sempre.
E não há espaço para a amargura.
Não por cima da maquiagem,
Não quando o pano sobe,
Não no picadeiro.
Pobre palhaço, sentado na lama.
Zombando da sua própria desgraça,
Fazendo troça, sorri, sem graça.
Não desiste, não cansa, não pára.
Louco palhaço, já não sabe mais
Onde começa o espetáculo
Onde termina a dor
Sua ilusão toda, seu mundo, seu amor
Uma só coisa, em todos os momentos
Devaneios que se tornam reais
Tortura, delírio, lamento.
O Velho, Pobre, Louco palhaço
Cobre tudo com a maquiagem e, por dentro,
Já não procura mais motivos ou culpados
Já não destingue futuro, passado
Já não sabe o que é dor ou alegria.
Só faz o que todo bom palhaço faria.
Sorri, sempre, digníssimo mestre da falsa euforia.

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